Nem todas as viagens começam como esta. Mas quem me dera que assim fosse mais regularmente. Pode-se dizer que os primeiros passos foram dado num café, numa conversa fiada sobre o desconhecido Portugal, que agora está nas bocas do mundo, mas que ninguém realmente conhece.
Quando tinha uns 18 ou 19 anos, devido ao Parkour, conheci meio Portugal. Viajava o quanto podia, munido de uma backpack e de um ténis que viram mais quilómetros que muitos pneus de carros. Mas fiquei sempre com a sensação de que haveria mais, muito mais, para explorar.
Confesso que Portugal soa pequeno. O que nos vem logo à cabeça é um país retangular de mentes quadradas. Vivi um ano na Rússia, onde o “já ali” era de 7 horas de viagem. Nesse tempo percorremos o país de uma ponta à outra. Mas, e há um grande mas aqui, Portugal é diverso.
Tão diverso e inesperado como aquela conversa de café. Que como tantas outras, terminaria em nada. Não estivesse eu a conversar com um ser tão impulsivo como eu. Estávamos nós na Rua S. Catarina no Porto, literalmente a dar a última dentada num delicioso pastel de nata, com o cheiro a castanhas no ar e o sol posto há umas horas, quando acordamos em acordar às 7 da manhã do dia seguinte e dirigirmos-nos a Tomar. A terra do Primeiro Castelo Templário em Portugal.
E porquê Tomar? Porque tinha visto algures, nos confins da minha memória alguma fotografia do castelo e gostei, e naquela conversa lá fui buscá-la. Estava de férias e o Alex, como fotógrafo de arquitetura é um apaixonado por tudo o que são paredes. Pareceu uma combinação excelente.
E partimos.
Da viagem só tenho a apontar o péssimo gosto musical do Alex, que entre kizombas e música brasileira, lá me manteve os olhos abertos e os ouvidos a sangrar.
Chegámos.
O parquímetro. Jesus. Pagar duas vezes? Lá inserimos dois euros, à campeão, a pensar que seriamos mais do que generosos. Errado. Acabámos por demorar 5 horas. Mas não tivemos multa. Sorte. Obrigado Jesus.
Desde o portão já dava para ver que a visita tinha merecido a tortura musical. Pagámos 6€, preço de estudante (ainda tenho o meu da universidade e ainda está ativo! Yupi!)
O primeiro pátio, à entrada, é lindíssimo e foi por isso que ficámos bastante tempo por lá. Olhem só:

Mas depois os meus intestinos foram bastante persuasivos em me fazer sair daquele pátio em busca de uma casa de banho. Foi aqui que vi, sem qualquer dúvida alguma, o espetáculo arquitetónico mais impressionante que alguma vez vi. Isto, confesso, porque não estava nada à espera.
E foi aí que fui buscar o Alex. Ele tinha que ver isto! Como já tinha sentido eu próprio a surpresa decidi filmá-lo. A sensação é mesmo verdadeira! E podem crer que é mesmo difícil surpreendê-lo! Ele já viu todo o tipo de paredes! hahaha
Bem, posso-vos dizer que o Convento de Cristo em Tomar tem mais pátios que eu tenho seguidores no youtube (hahhaha) e cada um é mais bonito que o outro.
Tirámos algumas fotos:
Explorámos o máximo que conseguimos, parando sempre a devida foto. A janela Manuelina é de facto espetacular, com um detalhe absolutamente impressionante. Vejam só:


Foto por Alexander Bogorodskiy

E foi aí que vimos umas escadas, para baixo de um dos pátios. Não havia sinal nenhum para proibir. Tinha apenas um pequeno portão. O Alex olha para mim: ” Be Russian”. E o pé já estava no outro lado. O som da água a pingar e a escuridão foram de facto “assustadoras” mas magníficas. Deixo-vos a foto que tirei:

Sei que talvez não devesse, mas a vida não são só deveres.
Recomenda-se?
Merece uma visita, de um dia inteiro.